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CHAVES ANTIGA

chaves.antiga@sapo.pt

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O Ataque a Chaves

17.06.07 | blogdaruanove

Joaquim Leitão, O Ataque a Chaves (1916). Note-se a evocação monárquica da cercadura azul e branca.

 

   A bibliografia impressa sobre as incursões monárquicas de 1911 e 1912 é vasta e bem conhecida dos especialistas. Existem, contudo, várias outras fontes, particularmente as manuscritas, que permanecem inéditas ou pouco divulgadas. Tal sucede com muitos dos relatórios e documentos depositados no Arquivo Histórico Militar, em Lisboa.

   Desse acervo, transcrevem-se duas listas dos civis que participaram na defesa da então vila de Chaves e duas passagens de uma extensa memória militar, elaborada em Braga e datada de 30 de Novembro de 1920, intitulada "Combate de Chaves" (AHM, 1.ª divisão, 34.ª secção, caixa n.º 9, n.º 1, ano de 1912).

 

   "Relação dos atiradores voluntários de Chaves que tomaram parte nas linhas de fogo, no espaldão da carreira do tiro e durante todo o dia 8 na defeza da Republica em Chaves aos 8 de Julho de 1912:

José Fernandes Canedo, comandante, Antonio Cachapuz, Vitorino Pereira (Vidago), José Reis, José Lourenço, Manoel Antonio Rodrigues, Antonio Maria, Adelino Chaves, Alfredo Tortinho, João Chipas, Rodrigo Augusto d'Amorim, Francisco de Souza, Antonio Martins, Sebastião Guimarães, Manoel do Nascimento Carvalho, Bernardino do Nascimento Carvalho, Manoel Augusto Lopes, Alexandre Luiz Pereira Junior, Raul Alves Leite, Manoel Rato, José Francisco de Moraes, José Neves de Souza, João Neves de Souza, Alexandre Pereira de Moraes, Alberto Pinto Gomes Ramos, Manoel Neves, Antonio Ramos, Antonio Pimentão, Antonio Sabroso, Antonio Castro Lopo, Antonio da Costa, Pedro Caiador, Antonio Ferreira, Antonio Martins Junior, Acacio Rodrigues."

 

(...)

 

   "Relação dos atiradores Voluntários de Chaves que em 8 de Julho se bateram ao lado das tropas republicanas em Vila Verde da Raia:

Dr. Antonio Joaquim Granjo, Antonio Jose Luiz Pereira, Deodoro Faria, Aurelio Ribeiro, Manoel Lima, João Gomes, Carlos Santa Crus, José Ramos Agrela, Alfredo Quina Falcão."

 

   Seguem-se dois excertos dos comentários de um oficial superior registados na supracitada memória:

 

   "XXXIII: Civis. Justina Maria da Silva, Gloria dos Anjos Alves Carneiro – Condecoradas com a medalha de "Merito, Philantropia e Generosidade" e gratificadas cada uma com 50 escudos "pelo arrojo e dedicação com que auxiliaram o transporte de agua e de viveres para a linha de fogo, em 8."

   A segunda das recompensadas cidadãs so pela citação official é conhecida, pois nenhuma referencia aos seus dedicados serviços se encontrou nos relatorios commentados. A outra, a Justina, conhecida uma meretriz conhecida [sic] pelo expressivo sobriquet de "Maria dos Garôtos" mereceu ao Chico Preto, chefe dos Serviços Administrativos, do Sector, quentes louvores que a maledicencia local não reputou de todo desinteressados.

   Relata o Chefe dos Serviços Administrativos que a Maria com um admiravel sangue frio e de baixo de um fogo intenso, ajudara a distribuir as rações de vinho e de viveres aos homens na linha de combate. (...) Mas a verdade é que democraticamente muito bem acamaradaram na ordem do exercito o Chico Preto ao lado da Maria dos Garôtos."

 

(...)

 

   "XXXIV: Voluntarios Civis. Os voluntarios civis eram e ficaram sendo conhecidos como "Elementos Civis" como "Defensores da Republica" e tambem como "Patriotas" no espirito caustico da multidão.

   O seu numero effectivo em Chaves deve fixar-se em 150 porque tantos foram os que em 8 de Julho depois das 8 horas da manhã se aprezentaram no quartel d'inf 19 para receber armamento e munições, como fôra acordado entre o seu chefe Canedo e o C. E. Maior do Sector, capitão Maia de Magalhães. (1)

   D'estes 150 patriotas apenas 3 ou 4 seriam republicanos sinceros e anteriores ao facil triumpho da demagogia em 5 de Outubro.

   Alguns não passavam de pretendentes a empregos publicos com mais aptidão para manejar um trabuco do que para soffrer as provas de um concurso.

   Outros e muitos reprezentavam os aventureiros trucolentos, os proffissionaes da desordem, conhecidos hoje como "carbonarios" da Republica e hontem como "caceteiros" da Monarchia. Ainda um crescido numero obedecia á inconsciencia das multidões inaptas para comprehender e explicar as determinantes da sua acção.

   Muitos dos voluntarios haviam recebido instrução de tiro ao alvo, na carreira de Chaves, na vigencia do regimen monarchico. (2)"

 

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