Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CHAVES ANTIGA

chaves.antiga@sapo.pt

CHAVES ANTIGA

chaves.antiga@sapo.pt

O livro “Azulejos da Egreja do Hospital da Misericórdia de Chaves”

09.02.14 | António Alves Chaves

 Figura 1 - Igreja e Hospital da Misericórdia de Chaves, cerca de 1925 (Fotografia de Alberto Alves)

Bilhete postal editado pela "Sociedade de Defeza e Propaganda de Chaves"

 

O AUTOR (1)

António José Cerimónias nasceu em Chaves, a 30 de setembro de 1871, vindo a falecer a 25 de novembro, corria o ano de 1948.

Frequentou o curso de Preparatórios e o curso Teológico, no Seminário Conciliar de Braga, sendo ordenado sacerdote em 1896, a 26 de julho.

Exerceu as funções de capelão do Hospital da Misericórdia de Chaves, sendo ainda professor e explicador do ensino livre.

Foi vereador da Câmara Municipal de Chaves, na primeira comissão administrativa do período republicano, com o pelouro da Instrução Pública, entre outubro de 1910 e janeiro de 1911. Nessa qualidade, propôs a colocação do pelourinho em frente do edifício da câmara municipal, proposta essa aceite pela restante vereação.

 

 

 

Figura 2 - Museu da Região Flaviense, no antigo Convento das Freiras, atual Escola Secundária Fernão de Magalhães, cerca de 1930

(Fotografias de Alberto Alves, arquivo da Foto Alves)

  

Interessou-se, grandemente, pelo enriquecimento do espólio do Museu Regional e Biblioteca Erudita”, tendo feito parte da sua Comissão Instaladora, em 1929.

Envolveu-se em polêmica quando se recusou servir de escrivão num processo instaurado contra o cidadão Domingos Gomes de Morais Sarmento, no seguimento das incursões monárquicas de 1912.

A Câmara de Chaves consagrou o seu nome numa rua urbana. http://goo.gl/maps/WCXQk

Sob o pseudónimo de António da Veiga, colaborou assiduamente nos jornais locais.

 

A IGREJA

A igreja da Santa Casa da Misericórdia, de traço tipicamente barroco, situa-se no Largo Caetano Ferreira. Iniciou-se a sua construção no ano de 1532 (2) e teve seu término em 1601, segundo inscrição gravada numa coluna.

Até ao arranjo efectuado em 1921 pela C.M. Chaves, que deu origem à escadaria actual, existia defronte do templo um adro que serviu de cemitério até 1839.(3)

 

Figura 3 - Igreja da Misericórdia, cerca de 1910

(Fotografia de Alberto Alves,arquivo da Foto Alves)

  

 

Figura 4 - Igreja da Misericórdia, cerca de 1910

(Fotografia de Alberto Alves, bilhete postal editado pela Tipografia Mesquita)

 

 

No seu interior, possui as paredes revestidas em azulejaria do século XVIII, com temática bíblica, atribuídos a Oliveira Bernardes. No teto, de madeira, está pintada a cena da visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel, obra da autoria de Jerónimo da Rocha Braga, datada de 1743.

  

 

Figura 5 - Igreja da Misericórdia, vista interior

 

O altar é profusamente decorado em talha dourada, com anjos, cachos e volutas.

Na fachada podem visualizar-se oito colunas salomónicas (colunas torneadas em espiral), quatro no rés-do-chão, ladeando três arcos de volta inteira, e outras quatro no primeiro andar, emoldurando três varandas. No alto, ao centro, a imagem esculpida da Senhora da Misericórdia ou Senhora do Manto (Mater Omnium), abrigando "os desprotegidos da sorte" ou ”os desventurados de todas as classes sociais".

 

 

  

Figura 6 - Pormenor da fachada, Senhora da Misericórdia ou Senhora do Manto

 

O FOTÓGRAFO

Alberto Alves, flaviense de gema, por ironia do destino foi nascer a Louredo, Póvoa de Lanhoso, a 11 de Março 1892.

 

 

Fotógrafo precoce, com apenas 10 anos de idade resolveu construir a sua primeira câmara fotográfica. Desde a infância, pois, revelou uma aptidão invulgar para a fotografia, que cedo transformou em mestria, facto que chamou a atenção de Nicolau Mesquita, dono da antiga Tipografia Mesquita, que o convidou a realizar as primeiras coleções de postais ilustrados da cidade de Chaves, na primeira década do século passado. Foi o seu primeiro trabalho bem remunerado, atividade que manteve ao longo de toda a sua vida profissional de fotógrafo.

Paralelamente começou a exercer a atividade de fotógrafo profissional na casa da família Padrão, usando o pátio exterior como estúdio, local onde realizou alguns dos seus mais belos documentos como retratista.

A partir de 1918 fundou em sede própria no nº 155 da Rua Direita a casa que é conhecida até aos nossos dias como “Foto Alves”, que dirigiu até 1962.

Alberto Alves foi sempre um autodidata extraordinário, muito intuitivo e um investigador incansável.Deixou-nos um olhar único sobre Chaves, num trabalho sério e apaixonado. Tudo que ele fotografava tinha grandeza e elegância, mesmo os seus mais humildes retratos populares. A sua obra é para os flavienses um tesouro artístico e documental de valor inestimável.

Pai de quatro filhas e viúvo muito cedo, Alberto Alves faleceu na cidade de Chaves em Janeiro de 1969, após prolongada doença.

 

O LIVRO

O livro foi editado, corria o ano de 1928, pela Mesa da Santa Casa da Misericórdia com o intuito do produto da sua venda reverter a favor da Santa Casa. O seu preço foi de 10$00, encontrando-se à venda nas lojas dos senhores Amaral, A. Lopes, Teixeira de Melo, Raul Silva e Raul Leite. Também sabemos que foram enviados 1000 exemplares para a Exposição Ibero-Americana de Sevilha, de 1929. Por alturas da sua publicação, foi notícia no Jornal do Comercio e Colonias.(4)

Vamos entrar...

 

 

 

 

 

 

 

Referências bibliográficas: 

 

(1) “Dicionário dos Mais Ilustres Transmontanos e Alto Durienses”, Barroso da Fonte, 2001

 

(2) “História Moderna e Contemporânea  da Vila de Chaves”, Júlio Montalvão Machado, 2012

 

(3) Igreja da Misericórdia de Chaves”, Isabel Viçoso, 2000

 

(4) “Era Nova”, Francisco de Barros, 08/07/1928

 

2 comentários

Comentar post