Cédulas da Câmara Municipal de Chaves
Durante a grave crise económica que afectou Portugal no final da I Grande Guerra e, essencialmente, nos anos imediatos ao pós-guerra, muitos cidadãos resolveram amealhar as moedas que se encontravam em circulação, visto que o valor do seu metal era superior ao próprio valor facial das moedas.
Verificou-se, assim, uma falta significativa de moedas de valor facial mais baixo, pelo que, principalmente entre 1919 e 1922, várias instituições emitiram cédulas que vieram suprir essa escassez de trocos. Câmaras Municipais, Associações Comerciais e Industriais, Misericórdias, Mercearias, Papelarias, centenas de instituições, emitiram essas cédulas, cujo valor variava, na sua maioria, entre um e vinte centavos.
Na, então, vila de Chaves várias foram as entidades emissoras. Entre elas, a Câmara Municipal, o Celeiro Municipal, a Casa Barata (de António J. Barata), a Casa Pereira (no Anjo) e a Tipografia Mesquita (também no Anjo).
As cédulas de 5, 10 e 20 centavos emitidas pela Câmara de Chaves, ao contrário do que aconteceu com muitas outras, não reproduzem qualquer motivo directamente relacionado com a localidade e a sua história, exceptuando o brasão da vila e o Grande Colar da Torre e Espada, nem ostentam data. Foram, no entanto, emitidas durante o período em que o general Ribeiro de Carvalho exerceu o mandato de presidente da Câmara, como se pode verificar pela assinatura, no início da década de 1920.
A decoração com as alegorias ao Comércio e Indústria, numa face, e os motivos marítimos e neo-manuelinos, noutra, terá sido executada pelo consagrado artista Alfredo de Morais (1872-1971), a que eventualmente corresponderá a assinatura A. Moraes.