D. João de Almeida (datas desconhecidas) foi o prisioneiro monárquico mais ilustre dos combates de 8 de Julho de 1912. A sua detenção ocorreu de forma inusitada, quando se dirigia sózinho de Outeiro Seco para Chaves.
O livro O Ataque a Chaves, de Joaquim Leitão (1875-1956), foi publicado em 1916 e uma das passagens da narrativa menciona o seguinte episódio:
"E a marcha continuou já bem alumiada pelo dia claro. A Columna marchava affoita. Aquelle silencio religioso, que a madrugada favorece, fôra despedido pelo rumor da vida dos campos. De quando em quando, um laconico dialogo se travava entre dois homens da Columna. Havia praças que projectavam:
– "Vamos almoçar a Chaves!"
Um soldado do pelotão Braz, o "Ferrador" pediu-lhe logo ali licença para ir almoçar a Chaves, onde já estivera servindo em infantaria 19.
– Pois, vae, e encommenda-me lá um beaf de cebolada, á portuguêsa, em casa da Marranica [ nota do autor: "Carcunda que tinha uma taverna de afamada cozinha."] – acedeu o alferes Braz.
O soldado prometeu, muito satisfeito:
– Quando o meu alferes lá chegar, já o beaf ha-de estar prompto.
– Pois a mim – disse o João Chamusca, soldado do pelotão Saturio – cheira-me a que vou ter um almoço d'aço!..."
D. João de Almeida escoltado por militares republicanos na vila de Chaves.
Logo que em Chaves se conheceu o conteúdo deste livro, começou a circular pela vila uma anedota que perdurou durante algum tempo na tradição oral de várias famílias flavienses. Para explicar o insólito da captura passou a referir-se o dichote: "Pois, o D. João queria era ser o primeiro a comer o bife..."
Este gracejo não passa disso mesmo e não tem obviamente qualquer fundamento histórico, uma vez que o episódio relatado por Joaquim Leitão se desenrolou na coluna de Paiva Couceiro, que se aproximava de Chaves por Soutelinho da Raia, enquanto D. João integrava a coluna que se aproximou de Chaves por Vila Verde da Raia e Outeiro Seco.
Danos do bombardeamento monárquico na fachada da antiga Tipografia Mesquita, no Largo do Anjo.