As Invasões Francesas
Dando continuidade à publicação anterior sobre as Invasões Francesas, hoje partilhamos a segunda parte, relativa à 2.ª invasão.
Parte 2
2.ª INVASÃO
1809
12 março (8h)
- Soult entra em Chaves e facilmente a conquista, deixando uma força comandada por Messager. O exército francês era constituído por 19 mil homens, 4 mil cavalos e 50 peças de artilharia ou 23 500 homens e 4 200 cavalos, conforme o autor
- Passa a praça a ser governada pelo chefe de batalhão Messager que, imediatamente, ordena que as muralhas sejam arranjadas e que o hospital sediado em Monterrei passe para Chaves, ficando uns doentes para o forte de S. Francisco e outros para o hospital civil
- Soult proclama-se governador geral de Portugal
- Soult prepara ataque a Santa Bárbara, onde se encontravam as forças portuguesas
- (noite) – Apercebendo-se o brigadeiro Silveira das intensões do inimigo, retira-se para as montanhas de Oura e Reigás
13 março (manhã) - Silveira aproxima-se de Vila Pouca, no intuito de defender a estrada para Vila Real
14 março - Numa manobra de diversão, Soult envia uma força para Vila Verde de Oura, no intuito de fazer um reconhecimento até Vila Pouca
14 março (manhã) - Soult inicia a marcha para o Porto, via Barroso, em direcção a Braga, passando por Boticas, Alturas do Barroso, Venda Nova e Ruivães
15 março - Sai de Chaves a divisão de La Houssaye
16 março - Saem as divisões de Heudelet, de Verim e a de Merle, de Chaves
17 março - A cavalaria de Lortges, perseguida por portugueses enviados pelo general Silveira que estavam em Vila Verde de Oura, passa em Vila Pouca, atravessa o rio em Cavez, seguindo, em marcha forçada, ao encontro de Soult, na zona da Venda Nova
17 março - Confrontos em Salto
18 março - Silveira envia um destacamento para Soutelinho do Monte reconhecer; nada foi encontrado
19 março - Silveira reúne-se a esse destacamento e vão para Santa Bárbara
20/21 março - O exército permanece no monte
21 março (manhã) - Forte patrulha francesa, vinda de Chaves, é vista pelos portugueses
21/22/23/24 março - Conhecedor da praça e sabendo da sua fragilidade e vulnerabilidade, o general Silveira ataca “desde Cavaleiro da Amoreira até à brecha dos Açougues”
25 março - O Forte de S. Francisco foi reduto das tropas francesas. Silveira toma Chaves, por escalada, tendo morrido 300 franceses e feitos 200 prisioneiros. Feito o ataque final, Messager rende-se (1400 prisioneiros, sendo 25 oficiais, 13 cirurgiões, 40/50 empregados civis e cerca de 1300 praças com 12 canhões, 1 200 espingardas e 50 cavalos). (1)
11/12 maio - Soult começa a retirada, fugindo e deixando no terreno o fruto das pilhagens e muito material bélico, incluindo a morte dos cavalos.
16 maio - O exército, despedaçado, desordenado e assediado por populares e guerrilheiros, atravessa as pontes de Saltadouro e da Misarela, impedido de fazer o mesmo caminho da invasão.
16 maio - Chegou a coluna de Silveira a Boticas
16 maio - Chegou a coluna de Beresford a Chaves
17/19 maio - Bivaca em Paradela do Rio e segue para a fronteira por Tourém (onde pernoitou), seguindo por Rubiás, Alhariz, Ourense, ludibriando as tropas luso-inglesas.
18 maio - Marechal Wellesley, em perseguição dos franceses, dirige-se e monta quartel-general em Montalegre, sendo complacente com Soult. Desde Montalegre redige 2 cartas a Lisboa e regressa imediatamente ao Porto
16/19 maio - General Beresford, em Chaves, vai em perseguição até Xinzo de Límia, desistindo (alguns autores questionam o porquê desta complacência com o inimigo)
28 maio - Foi expedida, do quartel general de Bustelo, a participação feita pelo general Silveira contra o tenente-coronel Pizarro
4 outubro - Inicia-se o julgamento perante o Conselho de Guerra, sito na Casa da Academia Real de Fortificações, Artilharia e Desenho, em Lisboa, tendo como sentença: A ABSOLVIÇÃO
“Portanto, e pelo mais dos autos, julgam menos justa a acusação, absolvem o réu e mandam que seja solto e restituído ao exercício do seu posto”
18 outubro - O marechal Beresford, comandante em chefe do exército, confirma a sentença (sabe-se que a relação deste com o general Silveira não era a melhor).
“UM ALENTO EXTRAORDINÁRIO NO ESPÍRITO DO POVO E DAS ARMAS PORTUGUESAS” General Beresford
O exército inglês de amigo passou a hostil. Disse Wellington das suas tropas: “É uma canalha insuportável que tem saqueado o país do modo mais terrível”.
Bibliografia:
- “A Região Flaviense”, Augusto Carvalho, 22 e 29 janeiro e 5 fevereiro, 1925
- “Illustração Trasmontana”, 1909
- “Chaves Antiga“, Ribeiro de Carvalho, 1929
- “A Invasão de Soult e A Reconquista de Chaves aos Franceses”, Tenente-coronel Abílio Pires Lousada, in “Revista Militar”
- “As populações a norte do Douro e os franceses em 1808 e 1809”, Brigadeiro Carlos Azeredo, 1984
- Revista Aquae Flaviae: “As Guerras Peninsulares” I e II N.ºs 38 e 39, 2009
- “Crónica da Vila Velha de Chaves”, Júlio Montalvão Machado, 3.ª edição, 2006
- “Notas Históricas Acerca da Passagem dos Franceses por Barroso em 1809”, Major Fernando Braga Barreiros, cadernos culturais 16, edição da Câmara Municipal de Montalegre, 1993
- “MONTALEGRE a minha terra” – José Enes Gonçalves, 2007
- “Montalegre e Terras de Barroso” – João Gonçalves da Costa, vol I, 2ª edição da Câmara Municipal de Montalegre, 1987