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CHAVES ANTIGA

chaves.antiga@sapo.pt

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A Aula de Anatomia de Chaves (2.ª Parte)

10.08.13 | António Alves Chaves
Planta do Hospital Militar

Depois da criação da Aula de Anatomia e Cirurgia, era necessária a escolha do local para a sua instalação. O ministro Luís Coutinho escreve, ao Governador das Armas da Província de Trás-os-Montes, general Manuel Sepúlveda (a), a 8 de abril de 1789, uma carta informando que a rainha Mariana Vitória, viúva de D. José, “manda fazer na Casa da Guarda da Magdalena, não só os concertos e reparações necessários, … mas tudo o mais que se fizer indispensável …estabelecendo-se nela a Aula de Cirurgia e Anathomia …”. 

 


Começaram os “outros” problemas para o cirurgião-mor Manuel José Leitão. Problemas esses surgidos da animosidade com o administrador do hospital, frei José da Natividade, inglês de nascimento. Problemas que, segundo Carlos Vieira Reis, não passavam de “lutas entre médicos e finanças”. 

 


Ultrapassadas estas questões, Manuel Leitão envia ao ministro da tutela, uma extensa lista de material imprescindível para “operações, sondagens e partos”. É de realçar, pela curiosidade, que do pedido se destacava:

– parturiente artificial

– boneco de pau

 

Parturiente Artificial


Pelos estatutos, todos os regimentos da Província eram obrigados a enviar para a Aula, dois elementos, ajudantes de cirurgia, sendo-lhes exigido “saber ler, escreve e contar e saber latim e francês”, o que limitava muito os potenciais candidatos.

Voltando a socorrer-nos de Vieira Reis, este afirma que o cirurgião-mor tinha nos seus planos o aproveitamento da água termal, canalizando-a desde a nascente até ao Hospital, para banhos.

 

O Hospital Militar e a Capela Real


Só com a saída do administrador do Hospital é que Manuel J. Leitão pôde, finalmente, pôr a funcionar a “sua” aula, “formando uma série de jovens que não ficando sábios”, exerceram com mestria e eficiência o seu trabalho, melhorando assim as práticas nos respetivos regimentos.

Morre Manuel J. Leitão, em 1797, sendo substituído, interinamente, por um seu aluno, Manuel José Sampaio. Em 23 de Março de 1802, por decreto real, é nomeado cirurgião-mor frei António de S. Frutuoso.

 

Movimento de doentes do Hospital Militar no ano de 1812


Não podemos deixar de relembrar dois alunos desta escola, nascidos em Chaves: Joaquim da Rocha Mazarém (cirurgião assistente de D João VI) e José Caetano Paz (completou estudos em Londres “obtendo depois acentuada notoriedade”).


Vários foram os motivos que levaram ao encerramento desta Aula, sendo o maior a penúria em que Portugal se encontrava, motivada pelas invasões de Espanha, em 1801, e as de França, em 1807, 1809 e 1810.

Com este clima de guerra constante, os alunos, não gozando de qualquer privilégio que os libertasse da guerra, foram abandonando a Aula.

A Aula de Anatomia e Cirurgia de Chaves extinguiu-se, corria o ano de 1814.


Lista dos médicos e cirurgiões que serviram nos hospitais militares, em 1814


(a) – Este general, em 1808, comandou a revolta trasmontana contra Junot, alargando-se a todo o país.

 

 Bibliografia:

http://darcordaoneuronio.blogspot.pt/- Carlos Manuel Vieira Reis - 2006

"Uma Nova Dissecação na Aula de Anatomia e Cirurgia de Chaves" - Carlos Manuel Vieira Reis Revista Aquae Flaviae, n.º 5 - Junho de 1991 - Pg. 104

"Quando havia em Chaves três hospitais" - J. Timóteo Montalvão Machado - Revista Aquae Flaviae, n.º 4 - Dezembro de 1990 - Pg. 105.

"As Aulas de Anatomia e Cirurgia dos Hospitais Militares" - Manuel Gião - 1945


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