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CHAVES ANTIGA

chaves.antiga@sapo.pt

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As Invasões Francesas

31.03.21 | António Alves Chaves

Chaves, praça-forte, sempre desempenhou um papel importante na defesa do território nacional, dada a sua localização geográfica e estratégica.

Relembrando os 212 anos sobre a segunda Invasão napoleônica, partilhamos convosco uma breve cronologia dos acontecimentos havidos em 1808 e 1809.

Parte 1

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Alto de Santa Bárbara, Ventuzelos (fotografia de Cyndie M.)

1808

6 junho – Sufocada a Revolta no Porto contra os franceses;

6/7/8/9 junho – Plano da Revolta

  • “A manha 6 do corrente mez de Junho, pelas onze horas da noite, sahiremos à rua com hum concerto musico, e eu como chefe da revolução levantarei a voz de viva o Principe Regente, de morte a Napoleão e seus sequazes …”
  • 7/8/9 junho – “… repetiremos a mesma scena” e “se o negocio tiver sucesso no Povo, com elle organizaremos hum governo…”
  • 12 junho – “…faremos cavalgadas…”
  • 13 junho – “…nós conduziremos o Collegio de Sta Maria Maior …”
  • Foi, também, planificada a segurança das defesas dos familiares, dinheiros e papeis. “Ficarão emassarados e encaixotados todos os papeis, livros e dinheiro …”; “As famílias prevenidas…” e “…caso houvesse problemas tudo isto iria para Verin”

Nota: Na praça de Monterrei (Verin) também houve movimentações anti-napoleónicas, em maio, o que animou as gentes de Chaves (Rogério Borralheiro)

10 junho – Inicia-se a revolta contra os franceses

  • “Os flavienses de 1808, pelo seu patriotismo e civismo, pela sua heroicidade e valentia… escreveram umas letras eternas e as mais belas da história de Chaves” (Francisco de Barros)

Nota: A praça de Chaves é pioneira tanto no processo da Aclamação como num plano de defesa e segurança não só a nível local como provincial, propondo, inclusivé, a mudança do quartel general de Bragança para Vila Real, uma ligação efetiva ao Porto e à província minhota (Rogério Borralheiro)

1809

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13/16 fevereiro – Soult, com um exército de 23000 homens, tenta atravessar o rio Minho, por Cerveira e Caminha; não o conseguiu

4 março – Soult sobe o rio Minho e passa em Ourense,entrando em Allariz e Ginzo

5 março – O quartel general francês instala-se em Vila del Rei

6 março – Ocupação de Monterrei pelos Dragões de Hussaye e de Ginzo pela divisão de Merle; o general Franceschy avança pela serra do Larouco em direção a Verin, onde encontra as tropas espanholas de La Romana que “resultou serem derrotadas e postas em retirada”

7 março – O convento de Monterrei é transformado em hospital

8 março – O brigadeiro Silveira vai reconhecer, no terreno, as forças inimigas

8/9 março – Os franceses fazem “um reconhecimento offensivo na margem esquerda do Tâmega”, indo até “um pouca abaixo de Tamaguellos”, cercando o Tenente Coronel Pizarro; este consegue romper o cerco e dirigir-se para Vilarelho

9 março – O tenente coronel Francisco Pizarro, de Infantaria 12, na linha Vilarelho/Vilaça/Atalaia, ainda fez frente a Soult, mas foi obrigado a retirar, “depois d’um combate que durou desde o meio dia até à noite”

9 março – Pizarro instala-se em Vilarelho da Raia e Portela do Aivado

9 março – Os franceses instalam-se em São Ciprião, em frente a Vilarelho

9 março (20 horas) – Pizarro recebe ordem de retirada, do brigadeiro Silveira

10 março – O brigadeiro Francisco Silveira, de manhã, tentou convencer, numa reunião, os revoltosos (não queriam que o brigadeiro abandonasse a praça e os deixasse), mas nada os demoveu; do lado da população ficou o tenente coronel que não abandonou a praça

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10 março – O brigadeiro Silveira sai de Chaves e instala-se em Santa Bárbara, S Pedro de Agostém, deixando postos de vigilância em Vilarelho, Outeiro Jusão e S. Pedro de Agostém

10 março– Brigadeiro Silveira, volta à praça e, convoca “um conselho de officiaes superiores”, tendo considerado a praça indefensável

10 março – O capitão de Engenheiros José Maria, “conseguiu amotinar as tropas e o povo”, convencendo-os que Silveira não tinha razão e que a praça de Chaves era defensável

10 março – Era governador da praça o coronel João Silveira Magalhães, tendo sido substituído interinamente pelo tenente coronel Pizarro

10 março – Soult envia emissário intimando que a praça lhe seja entregue, propondo que o brigadeiro Silveira assuma a governação da província; Silveira responde dizendo que quanto à praça não lhe competia responder por ela e quanto à proposta “não podia ouvir taes proposições quem tinha a honra de commandar portuguezes”

10/11 março (noite) – O exército francês acampa em Bustelo

11 março (manhã) – Soult envia uma intimidação para que se rendessem

11 março (manhã) – As forças francesas cercam a praça, sendo recebidas a tiro

11 março – Pizarro manda informar Silveira da intimidação francesa; Silveira responde que faça como entender visto que “a seu arbítrio tomara a defesa da praça”

 

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Tenente Coronel Francisco Homem de Magalhães Quevedo Pizarro

 

11 março (tarde) – Silveira mandou dizer aos oficiais que abandonassem, nessa noite, a praça e que os protegeria na retirada. Ninguém abandonou a praça

11 março (noite) – Pizarro, vendo-se sem apoio de Silveira, rende-se

(Continua)

Bibliografia:

- “A Região Flaviense”, Augusto Carvalho, 22 e 29 janeiro e 5 fevereiro, 1925
- “Illustração Trasmontana”, 1909
- “Chaves Antiga“, Ribeiro de Carvalho, 1929
- “A Invasão de Soult e A Reconquista de Chaves aos Franceses”, Tenente-coronel Abílio Pires Lousada, in “Revista Militar”
- “As populações a norte do Douro e os franceses em 1808 e 1809”, Brigadeiro Carlos Azeredo, 1984
- Revista Aquae Flaviae: “As Guerras Peninsulares” I e II N.ºs 38 e 39, 2009
­- “Crónica da Vila Velha de Chaves”, Júlio Montalvão Machado, 3.ª edição, 2006
- “Notas Históricas Acerca da Passagem dos Franceses por Barroso em 1809”, Major Fernando Braga Barreiros, cadernos culturais 16, edição da Câmara Municipal de Montalegre, 1993